Primeiro dia do Campeonato do Mundo de Katas Lisboa 2021

Out 27 2021

Primeiro dia do Campeonato do Mundo de Katas Lisboa 2021

O primeiro dia do Campeonato do Mundo de Katas – Lisboa 2021 cumpriu-se esta terça-feira, 26 de outubro, nos tatamis do Pavilhão nº1 do Estádio Universitário de Lisboa. Neste dia inaugural, estiveram em ação os Judocas de 3 Katas distintasNage-no-Kata (Seniores e Sub-23), Katame-no-Kata (Seniores) e Ju-no-Kata (Seniores), num total de 138 Atletas, incluindo 8 Portugueses.

Na prova de Nage-no-Kata (forma de projeção) Sub-23Portugal foi representado pela dupla José Farias-João Batista. Os jovens atletas somaram 335.5 pontos na sua performance de manhã, alcançando o 6º lugar e o acesso ao Bloco de Finais. No grupo composto por 7 duplas, os ucranianos foram os únicos eliminados. Na final, os portugueses foram os primeiros a entrar no tatami e conseguiram melhorar o resultado, somando mais 37.5 pontos do que na primeira prestação, terminando a final com 373 pontos (que lhes garantia o 2º lugar no grupo da manhã). Mesmo assim, José Farias e João Batista viram todos os seus adversários a melhorar os resultados e mantiveram o 6º lugar, a 20.5 pontos do 1º lugar. O Ouro foi ganho pelo par francês (393.5), superando as duplas da Rússia (392.0) e Polónia (382.5).

Na categoria de Seniores em Nage-no-KataPortugal foi representado por 2 DuplasDiogo Ferreira-Nuno Ferreira e Luís Nogueira-Lucas Maia. Os irmãos Ferreira ficaram no Grupo 1, obtendo 388.5 pontos pela sua prestação, terminando na 7ª posição, à frente de duas duplas polacas, uma italiana e outra americana. Os portugueses terminaram a 12.5 pontos do 3º lugar, que lhes garantia o acesso à final. No grupo 2, a dupla Nogueira-Maia alcançou 358.0 pontos, finalizando no 8º lugar. Os judocas lusos terminaram à frente das duplas de Hong Kong, Arábia Saudita e Canadá, mas a 41.5 pontos do pódio do grupo. Com 22 pares em competição, a Medalha de Ouro foi conquistada pelos Países Baixos (415 pontos), superando a dupla da Colômbia (414) por apenas um ponto. A Espanha fechou o pódio com 411 pontos.

Na Katame-no-Kata (forma de controlo), Luís Canaveira e Tiago Silva foram os representantes lusos em ação. A dupla portuguesa obteve 353.0 pontos pela sua prestação, ficando no 9º lugar do seu grupo, adiante da dupla polaca e a 44 pontos da qualificação. De 19 pares, apenas 6 passaram à final, onde o Japão confirmou o favoritismo, arrecadando Ouro (428 pontos), seguido pelas duplas de Itália (Prata – 420 pontos) e Bélgica (Bronze – 415.5 pontos).

Ju-no-Kata (forma de suavidade) contou com 19 duplas, mas nenhuma portuguesa. A finalíssima foi ganha pelo par japonês (427.5 pontos), seguidos da Alemanha (411.5) e Roménia (398).

Segundo Jigoro Kano, existem três ferramentas para o ensino ou prática do Judo: Randori (Treino Livre), Shiai (Combate) e Kata (Forma). O fundador da modalidade descreve a Kata como “a estética do judo, sem o qual é impossível compreender o alcance. Randori é saber escrever, Kata é a gramática.”. As Katas são uma série de técnicas especialmente selecionadas tendo em vista o estudo aprofundado dos princípios do Judo. São exercícios ordenados com antecedência, onde cada judoca sabe o que o outro vai fazer. São realizadas a pares, onde um judoca é o Tori (aquele que aplica uma técnica) e o outro é o Uke (aquele que a recebe). Os pares não se defrontam, como no Shiai, mas executam a técnica em conjunto, vencendo o par que melhor executar a técnica.

Neste Campeonato do Mundo há 5 Katas oficialmente reconhecidas: Nage-no-kata (formas de projeção), Katame-no-kata (formas de controlo), Ju-no-kata (formas de suavidade), Kime-no-kata (formas de decisão) e Kodokan Goshin-jutsu (formas de autodefesa). Além dos Seniores, a competição conta ainda com a categoria Sub-23, com apenas 2 Katas (Nage-no-kata e Katame-no-kata).

A técnica realizada por cada par é avaliada por 5 juízes, que concedem pontos conforme a prestação. As Pontuações mais alta e mais baixa são excluídas, contando a média das 3 pontuações intermédias. Os pares podem ser masculinos, femininos ou mistos.

Na competição, cada Kata é dividida em 2 grupos, com os melhores 3 pares de cada grupo a garantir o acesso à final. Se o número de pares for inferior a 10, há apenas 1 grupo, com os melhores 6 pares a avançarem para a final. A prestação na final determina o vencedor, com o par com o maior número de pontos a conquistar a medalha de ouro.

A competição regressa esta quarta-feira, 27 de outubro, para o segundo e último dia do evento. Em ação vão estar as Katas – Katame-no-Kata (Sub-23), Kime-no-Kata (Seniores) e Kodokan Goshin-jutsu (Seniores). A prova tem início marcado para as 09h30.

 

Diogo Ferreira-Nuno Ferreira – Nage-no-Kata (7º lugar, grupo 1)

“A Kata é como se fosse uma coreografia, uma dança. Cada par, quanto menos erros cometer, mais pontos ganha. É difícil por vezes perceber onde erramos, mas penso que hoje houve alguns desequilíbrios que nos custaram alguns pontos. A este nível, é tudo ao pormenor. Na preparação para este mundial, fizemos 4 treinos semanais onde treinávamos a Kata durante quase todo o treino, mas normalmente, quando não temos competição, fazemos uma ou duas vezes. Nós gostamos de Shiai e de Kata e ficamos igualmente nervosos em ambas as vertentes, mas na Kata não podemos pensar, principalmente se fizermos algum erro. Tem de sair naturalmente. Se começarmos a pensar no que fizemos mal, vai influenciar as técnicas seguintes e ter um efeito bola de neve. Como foi o nosso primeiro mundial, não criámos muitas expetativas. Não queríamos ficar em último. A última prova que fizemos, o europeu em 2019, ficámos em 5ºlugar, por isso esperávamos ficar mais ou menos a meio da tabela.”

 

Michel Kozlowski – Diretor Desportivo da Comissão de Kata da Federação Internacional de Judo

“Está a ser um evento fantástico. O pavilhão é excelente, temos tapetes grandes (10×10), normalmente são mais pequenos. Todas as áreas, como a de aquecimento, também são bastantes espaçosas e todos parecem muito satisfeitos com esta organização. Nas provas de Kata temos visto, cada vez mais, atletas novos, com uma nova geração a entrar nas competições. Nem todos os judocas se interessam em combater e a Kata oferece uma alternativa. Nestes eventos é notório o espírito de amizade e camaradagem que se vive, é uma atmosfera diferente do shiai. Mas para mim, tudo é Judo, não distingo as áreas. No fundo, o espírito é o mesmo, superar-nos e melhorar a nossa técnica.”

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