Nuno António, César Nicola, Manuel Oliveira e Marco Ávila subiram ao primeiro lugar do pódio no terceiro dia do Campeonato do Mundo de Veteranos – Lisboa 2021, sagrando-se Campeões do Mundo este sábado, 23 de outubro, no Pavilhão nº1 do Estádio Universitário de Lisboa. António Boloto e João Santos alcançaram Bronze, elevando para 15 o número de medalhas portuguesas na prova. A Maior Competição do Mundo do escalão reúne 375 Judocas (359 Masculinos e 16 Femininas) com idades superiores a 30 anos, em representação de 43 Países. Portugal, anfitrião da prova, é representado por 46 Judocas (43 Masculinos e 3 Femininas).
Este sábado, penúltimo dia do evento, estiveram em ação os judocas das categorias M4 (45-49 anos) e M5 (50-54 anos), num total de 92 Atletas, incluindo 16 Portugueses:
Nuno António (M4 -66 kg) estreou-se com uma vitória por ‘ippon’, após um combate equilibrado, contra o ucraniano Oleksandr Nabraklo. Somou o segundo triunfo no combate seguinte, perante o francês Yann Calarnou. O português terminou o dia invencível, dominando o seu último confronto, onde teve pela frente o brasileiro Márcio Barbosa, com um duplo ‘wazari’. Com este resultado, Nuno António conquista a Medalha de Ouro e sagra-se Campeão do Mundo.
Na categoria M4 -73 kg, César Nicola iniciou a sua prestação com um triunfo por ‘ippon’ contra o brasileiro Marcelo Barbosa, em apenas 23 segundos. O veterano português garantiu o acesso à final no confronto seguinte, marcado pelo equilíbrio, mas onde derrotou o húngaro Zsolt Kunyik, por 2 ‘wazari’ contra 1. No seu último e derradeiro combate, muito disputado, o atleta luso encontrou e derrotou o argentino Gaston Paludi, após alcançar ‘wazari’ no período de ‘golden score’. Com este resultado, César Nicola termina no primeiro lugar do pódio, alcançando o Ouro e o Título Mundial.
Manuel Oliveira (M5 -81 kg) enfrentou o ucraniano Hennadii Riabchynskyi no seu combate inaugural, que terminou com a vitória do português por ‘ippon’. Na semifinal, encontrou o alemão Henning Sudau e voltou a demonstrar a sua superioridade, alcançando o ‘ippon’ em menos de 1 minuto. No Bloco de Finais, o português teve pela frente Mubariz Jafarov, do Azerbaijão. Manuel Oliveira confirmou o ‘dia perfeito’, somando a terceira vitória por ‘ippon’, que lhe valeu a Medalha de Ouro.
Na categoria M5 -100 kg, Marco Ávila entrou a vencer na prova, superando o azeri Azar Asgarov no seu combate inaugural, onde pontuou 2 ‘wazari’ em 1 minuto. Encontrou o belga François Latour na semifinal, voltando a dominar com um ‘ippon’ em menos de 40 segundos. Na final da sua categoria, o português revelou-se superior ao moldavo Grigore Postiga, repetindo o triunfo por ‘ippon’. Com este resultado, Marco Ávila sai do Pavilhão nº1 do Estádio Universitário de Lisboa como Campeão do Mundo e com a Medalha de Ouro ao peito.
António Boloto (M4 -100 kg) somou a primeira vitória contra o russo Alexander Galtsev, alcançando ‘ippon’ aos 40 segundos do seu combate inaugural. Na semifinal da categoria, o português cedeu perante o ucraniano Oleksii Ovcharenko, após um encontro muito equilibrado, decidido com um ‘wazari’ após 1 minuto e 24 segundos de ‘golden score’. No seu último combate, encontrou o seu colega e amigo Alexandre Vieira, mas António Boloto conseguiu superiorizar-se, pontuando dois ‘wazari’ e conquistando a Medalha de Bronze.
Também na categoria M4 -100 kg, João Santos protagonizou um combate espetacular logo na primeira ronda, contra o ucraniano Andrii Melnychuk, alcançando o ‘ippon’ após 5 minutos e 22 segundos de ‘ponto de ouro’. Somou o segundo triunfo na ronda seguinte, onde ultrapassou Givi Shariashvili, após acumulação de ‘shidos’ do georgiano. O português falhou o acesso à final, cedendo por ‘ippon’ contra o ucraniano Viacheslav Kleshnia. João Santos conquistou a Medalha de Bronze depois de superar o georgiano Vano Gigilashvili, por ‘ippon’, no seu confronto final.
Jorge Firmino (M4 -90 kg), Alexandre Vieira (M4 -100 kg), Paulo Rosário (M5 -73 kg) e Alexandre Oliveira (M5 +100 kg) terminaram as suas prestações perto do Bronze, mas cederam nos respetivos combates, terminando num honroso 5º lugar.
Nos dois primeiros dias da competição, Portugal conquistou 9 Medalhas (4 de Ouro, 2 de Prata e 3 de Bronze), com José Gomes, José Samuel Freitas, Eduardo Garcia e Diogo Silva a sagrarem-se Campeões do Mundo.
Com a conquista de 6 Medalhas (4 Ouros e 2 Bronzes) este sábado, Portugal recuperou a 1ª Posição do Medalheiro, somando agora 15 Medalhas (8 Ouro, 2 Prata e 5 Bronze). A Ucrânia manteve o segundo lugar, tendo agora 6 Medalhas de Ouro, 6 de Prata e 8 de Bronze. O Cazaquistão, que tinha terminado na 1ª posição na sexta-feira, caiu para o 3º lugar, com 5 Medalhas de Ouro, 3 de Prata e 6 de Bronze.
Medalheiro e Resultados Finais em: http://www.ippon.org/wc_vet2021.php
Recordamos que nas competições de Veteranos, os atletas estão divididos por escalões etários, além das habituais categorias de peso: -48 kg, -52 kg, -57 kg, -63 kg, -70 kg, -78 kg, +78 kg femininas e -60 kg, -66 kg, -73 kg, -81 kg, -90 kg, -100 kg, +100 kg masculinas. Os Atletas entre os 30 e os 34 anos competem no M1/F1 (Masculino ou Feminino), dos 35 aos 39 no M2/F2, dos 40 aos 44 no M3/F3, dos 45 aos 49 no M4/F4, dos 50 aos 54 no M5/F5, dos 55 aos 59 no M6/F6, dos 60 aos 64 no M7/F7, nos 65 aos 69 no M8/F8 e com mais de 70 anos no M9/F9.
Nos escalões M1/F1 até M6/F6 (dos 30 aos 59 anos) o combate tem a duração de 3 minutos, sem limite de tempo no ‘golden score’ para desempatar. Do M7/F7 até M9/F9 (mais de 60 anos), o combate tem 2 minutos e 30 segundos, com o período de ‘ponto de ouro’ a ter um limite de 1 minuto (caso o combate continue empatado, o árbitro, em conjunto com a mesa de júris, determina o vencedor).
A competição termina este domingo, 24 de outubro, dia dedicado à categoria M2 (35 aos 39 anos) e a todas as categorias femininas (F1-F9). Portugal conta com 10 Judocas em prova. Os combates voltam a ter início às 11h00.
Declarações
Eduardo Garcia – Campeão do Mundo M7 -66 kg
“O meu maior desafio era conseguir participar. Já fiz 4 operações e é um desafio superar essas limitações e continuar a fazer aquilo que gosto, que é o judo. A primeira medalha foi conseguir cá vir e depois claro, a cereja em cima do bolo, foi ganhar o ouro aqui em Portugal. O treino e a preparação foram mais difíceis do que a competição em si, por todas as limitações físicas. O treino tem de ser muito bem gerido, mas gosto muito de o fazer, tanto como competir, mas é difícil devido às lesões. Como também sou árbitro, ajuda-me na competição, em cima do tapete, porque sei como é que o árbitro pensa. Isso hoje ajuda-me porque sei quando tenho de atacar para não ser penalizado, por exemplo, é algo que ajuda na competição e penso que todos deviam tentar perceber de arbitragem tanto quanto possível. Eu não faço outra coisa na vida há 54 anos. O Judo é a minha vida, sou atleta, sou treinador e sou árbitro, todos os dias estou no tapete.”
César Nicola – Campeão do Mundo M4 -73 kg
“Foi um grande dia. No último combate lutámos muito pela pega e tentámos atacar cautelosamente para não sofrer nenhum contra-ataque e acabou por correr bem para o meu lado. Foi muito bom e o apoio da bancada ajudou-me. Vencer esta medalha em Portugal tem um sabor especial, junto dos amigos e da família. Já tinha participado num mundial em Málaga, que não correu tão bem. Participar nestas provas requer um investimento financeiro, mas por ser em Portugal sai mais barato. Estou muito feliz pelo resultado.”
António Boloto – Medalha de Bronze M4 -100 kg
“O combate pelo Bronze, por ser contra outro português, foi muito difícil. Mais do que atletas, somos muito amigos fora do tapete, treinamos juntos e falamos quase todos os dias ao telefone. Foi difícil gerir isso neste momento, mas foi uma boa vitória. Podia ter caído para o lado dele, o Alexandre já me ganhou muitas vezes, mas hoje tive sorte, é o desporto.”
Catarina Rodrigues – Diretora de Atividades da Federação Portuguesa de Judo
“Desde que tivemos a confirmação, em junho, que iriamos organizar este Campeonato do Mundo, tivemos um período muito curto para fazer a preparação, ainda por cima com o mês de agosto pelo meio que é sempre complicado. Para nós, era um desafio novo e o Presidente quis aproveitar a oportunidade e motivou-nos. Conseguimos organizar estes dois Campeonatos do Mundo e desde o início que tanto eu, como o Sergiu Oleinic, a Inês Ribeiro, o Miguel Galhardas e toda a equipa que nos acompanha nestes eventos, abraçamos este desafio. Os veteranos é sempre uma prova difícil de organizar porque envolve uma grande logística e os Kata são uma novidade para muitos de nós, tudo isto ainda num momento em que atravessamos uma pandemia. A Federação Internacional está muito satisfeita, já tinham ouvido falar bem da nossa capacidade organizativa e penso que conseguimos confirmar isso e corresponder às expetativas, o que nos pode abrir portas a outros eventos internacionais. Os membros internacionais reconhecem a coragem que o Presidente mostrou em avançar com a organização desta prova, numa altura em que havia muitos pontos de interrogação. Os Veteranos estavam há algum tempo sem competir e nota-se a alegria com que estão a combater.”
NOTAS:
1) Fotografias: https://www.ijf.org/competition/2265/photos
2) Resultados atualizados: http://www.ippon.org/wc_vet2021.php
3) Mais Informação e Live Streaming: https://live.ijf.org/wc_vet2021/overview